sexta-feira, 15 de maio de 2009

Sobre a sutileza da procura

É vai ver eu não aceito tão bem assim a idéia da procura e acho que sei porque. Sabe, quando pequena, eu não pude procurar pessoas e coisas, não confiava no ter ninguém, ter nada. As babás iam e vinham, os namorados legais da minha mãe também, os brinquedos chegavam lindos e uma semana depois já estavam quebrados e inutilizados, entendi assim e talvez da pior maneira que, não adiantava me apegar a pessoas e coisas, esperar de pessoas e coisas, pois, por mais que elas viessem, elas sempre iram embora quando ainda eu não estivesse pronta para deixá-las.
Só agora "maiorzinha" comecei a perceber que algumas pessoas não iam, que eu até podia me comportar mal, minha mãe até podia não gostar mais, elas não iam embora porque não queria ir, assim também foi com as coisas, os brinquedos de antes viraram outras coisas e hoje mais resistentes, ainda compõem a minha vida, acumulando-se nos cantos.
Sim, há sempre uma procura na entrega, mas até que ponto a gente pode ver e perceber, é isso que questiono. Quando é claro, óbvio e sincero?
Eu só sei que hoje mais experiente nesse jogo de entregas e procuras, tenho tido sorte ou mais habilidade, tenho conseguido pessoas boas, procurando muito pouco e esperando pouco. Tenho ganhado muito, recebo cada dia mais pessoas e suas entregas, tentar ser psicóloga tem um pouco haver com isso é se predispor a receber entregas e ajudar dando o que "o entregador" procura.
Vivo maravilhosas entregas mútuas que as procuras passam despercebidas.
Tá bom, exceto algumas.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

O ato de escrever como procura

Eu estou gostando muito disso viu, principalmente quando tenho argumentos contra, afinal as pessoas que se fazem presentes nesse blog tem tantos " a favores" em comum.
Vou repetir a mesma ladadinha, nem eu aguento mais bater as mesmas teclas, não há em nenhuma forma de entrega a inexistência da procura, até quando a entrega é escrever.
Vejamos, quando decidimos fazer o blog, talvez a idéia central tenha sido a entrega, a possibilidade de se entregar de uma forma completa, vomitada, esacancarada, ou pelo menos de tentarmos fazer isso, mas e no meio desse vômito será que a gente não procura o que o ocasionou?!

O ato de escrever como entrega

O que é então esse blog? O que é essa relação nossa? Procura? Entrega? Ou tudo-ao-mesmo-tempo-agora?

O ato de escrever é uma das entregas mais intensas, e há diga das mais insanas, quando a gente escreve se dá sem uma procura realmente estabelecida. Procurando sem saber muito bem o que, por instinto, por necessidade, por mania. As vezes, nós procuramos pessoas assim também, por necessidade, por mania, pois, já tem tanto tempo que isso acontece que não dá mais nem para lembrar porque e/ou como, começou a tal da necessidade do outro. Em alguns momentos não dá mesmo para entender o real sentido das atitudes, a gente vai acertando, errando, exagerando, mentindo, omitindo e fingindo que não há nada para se preocupar, é mais ou menos assim que as entregas dolorosas acontecem.

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." (Clarice Lispector)

A entrega da escrita pode ser insana, intensa, dolorida e ardida algumas vezes, já em outros momentos pode ser alegre, up, reveladora e poderosa, crucial em alguns momentos. Pode ser a maior entrega que faço na vida. Porém, só dá para saber se vai ser bom, fazendo, conhecendo como funciona a prática da coisa, vivendo o que se escreve, mais ou menos como nas relações que estabelecemos com as pessoas, que venha dor, o amor, o ódio, a agonia, a felicidade infinita e a desesperança. Que venham, porque eu preciso viver tudo para que não haja talvez, para que não seja necessário lamentar o que não foi, para que o desabrochar aconteça!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

PROCURA-ENTREGA-ENTREGA-PROCURA

A relação procura-entrega-entrega-procura, não é estabelcida intencionalmente, mas eu não consigo ver uma sem a outra, caminham juntas... yin e yang. Em toda procura há um pouco de entrega e em toda entrega existe uma procura. Quando nos relacionamos, não importa de qual forma, procuramos por alguma coisa no outro e o outro procura por algo em nós, e no meio das procuras acabamos nos entregando, e quando queremos apenas nos entregar,existe uma procura,talvez imperceptível, se decidimos nos entregar é porque ha algo nessa pessoa-relacionamento que estamos em busca, a procura esta aí.
E como saber se é válido?
Não há como premeditar, e talvez se isso fosse possível tudo perdesse um pouco da graça.
Estamos todos os dias nos dando um pouco e buscando talvez um pouco mais.

terça-feira, 12 de maio de 2009

O que seria da vida sem as entregas e as procuras?

Acredito que não é necessário se estabelecer se a relação que existe é uma procura ou uma entrega, entende? O que estabelece um ou outro? A questão é quando é certo dar? Quando a entrega é válida?Acredito que sempre é. Vivi momentos que contrariam essa minha crença, porém, ainda acho que a entrega é o essencial na vida.
Como seria viver sem se entregar, mesmo que o mínimo possível? Como seria a vida sem procuras? Sem pessoas que deixam transparecer coisas, sentimentos, desejos... O que seria o exemplo?
Eu procuro coisas-pessoas sempre, porque as pessoas ensinam-me tanto quanto os livros. Escrevo procurando alguma coisa em mim que não sou capaz de falar numa simples conversa, escrevo o que há de mais intímo e sem esse hábito não suportaria o dia, o trabalho, os sentimentos. Porque eu preciso dizer o tempo todo, preciso de perguntas e respostas para compreender-me. Para encontrar-me.
Sempre me encontro no que diz. Pessoas, livros, músicas...
Preciso disso.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Não há procuras sem entregas e vice-versa

Todos nós, eu você e o mundo inteiro vivemos em busca...a vida por si só é uma busca finita.
Procuramos o alimento no seio da mãe quando ainda somos bebês, procuramos alimento no seio do mundo, amores,amigos,estabilidade, e em meio a essas procuras é inevitável não haver entregas, é um círculo , uma via de mão dupla.
Falando por mim, tantas foram e são minhas procuras e entregas que hoje já não consigo
distinguir umas das outras.
Quando escrevo, qual o meu próposito?
Procuras?
Entregas?
Em tudo o que fazemos, em todas as nossas relações. Em casa, no trabalho, numa mesa de bar, num blog...
As procuras e as entregas são inerentes a nós homens.

Quem entrega procura...

A entrega faz perde de uma relação de troca de interessantes entre seres. Eu te dou, ou eu entrego-me como preferir, porque você procura alguma coisa que eu tenho, porque você espera algo de mim.
As vezes não dá certo é verdade, quando você tenta fazer isso com quem não entende as regras, e você dá tudo que tem, expõe tudo que é para quem não entende a necessidade que essa entrega tem de ser recebida, acolhida, carinhada. É duro esse tipo de entrega não recíproca. Eu mesma já fiz muitas e com certeza farei tantas outras vezes.
A gente nunca sabe quem quer receber a gente. Nunca se sabe para onde as relações caminharão ou onde elas pararão, tudo é mistério.
Eu prefiro viver todo tipo de entrega, mesmo sem ser recebida, aceita ou compreendida integralmente. Porque esse é o meu único meio. Uma das primeiras coisas que aprendi a fazer. Pelo amor de Deus, tudo na vida é entrega: trabalho, amizade, universidade, pais, leitura, escrita, etc... O tempo todo, todo mundo se dá por aí.
Esse blog é um outro jeito que arrumei para me dar coletivamente, e faço de muito bom grado em ótima companhia. Esse blog me deu a oportunidade de fazer mais uma entrega no sábado conhecendo a Dani. Até agora só sai ganhando nessa minha procura, exercendo com muito gosto essa relação gostosa e consciente de dar e receber coisas e pessoas sempre.

Entrega

Quem põe a mão no arado não pode mais olhar para trás. Pois quem no arado põe a mão - trabalho certo e perto - tem serviço e profissão. Planta a semente, a espalha pelo chão. Planta em sua terra. Faz do seu trabalho a sua guerra. Quem escreve, e nisto põe a vida, não pode mais olhar para trás. Pois quem à alma deu o pão - trabalho certo e perto - tem serviço e profissão.