quarta-feira, 20 de maio de 2009

Entrega I arucorP

É difícil confessar a procura - seria o mesmo que dizer que nos falta algo. É simples defender a entrega - ninguém está realmente pronto a passar por este mundo sem ao menos tentar deixar algo muito importante de si. Mas escrever... Está na cara que quem escreve sente um vazio estranho, e precisa martelar as letras num papel para que se possa olhar para elas e elas, para nós. Escrever é uma entrega. De letras que denunciam nossa alma. É uma procura. De que um dia essas letras nos ensinem o caminho, e ensinem o caminho a outros. Como o veneno, que ao mesmo tempo que mata serve para curar, assim é escrever - onde morremos um pouco, porque dói. E nessa dor esperamos um alívio, que cure. E na escrita, nas amizades, nos abraços e beijos sentimos a dor de correr o risco, e nesse risco a espera, e nessa espera, a procura de um resultado feliz: de que tenha valido a pena tanta entrega, tanto veneno.

terça-feira, 19 de maio de 2009

O direito de tentar não entregar nem procurar

Hoje eu não quero entregar-me a ninguém, de nenhuma forma. Amanhã também não. Quero passar um tempinho recolhida, fazendo balanço, para saber quanto me dei, o que ainda tenho de mim, e o que ainda pode ser dado. Tenho muito medo de me dar o suficiente para me perder em pessoas. Medo de deixar de existir em mim.

Tenho me dado a vida inteira, um pedaço a cada um, para alguns eu dei demais bem sei, para outros dei menos do que deveria e ainda devo um pouco de mim, são escolhas. E as vezes a gente escolhe errado.

Sim a vida é feita de entregas e procuras, e não há como se esconder delas, não de todas elas, porém eu ainda posso não querer procurar nem entregar nada hoje e amanhã, posso decidir reavaliar o que já foi entregado e o que foi achado em todas as procuras, isso tem que levar-me a algum lugar, algum conhecimento a mais, a uma evolução.

Entrego-me. Procuro. Quando dá tempo, quando há chance, quando há necessidade. Aceito a entrega e a procura alheia, quando é conveniente, quando dá tempo, quando há chance. E tudo acontece naturalmente, pelo menos deveria acontecer.