segunda-feira, 12 de julho de 2010

"Olhai os lírios do campo"

Hoje pela tarde eu joguei muita coisa pro alto. E saí com a mochila nas costas, carregando lágrimas mais frias e pesadas que a chuva que caía sobre mim. Me molhei toda caminhando rua após rua, e meu preferido vestido quadriculado estava grudado em mim. As pessoas na rua reparavam em meu nariz e olhos avermelhados.
Entrei num ônibus e esqueci de qualquer coisa, das pessoas, da vida. Eu só conseguia chorar. Chorar como só eu sei. E em minha distração uma mulher de blusa amarela se aproximou de mim. Pediu que eu não chorasse, pois meus problemas com o tempo iriam se resolver. E como um revés, passei a escutar dela o que eu costumava dizer às pessoas.
A mulher de blusa amarela fez tudo o que eu teria feito. Disse tudo o que eu teria dito, e com muita simplicidade de alma. Mas eu não disse a ela que já sabia de tudo aquilo. Não disse a ela que conhecia de cor aquelas palavras. Deixei apenas que ela cumprisse sua missão. De ser boa para alguém, de tentar ajudar alguém. Desci do ônibus sem mais lágrimas, para que ela tivesse a certeza de que seu gesto valeu a pena. Mesmo com minha dor, me fez bem ter feito o bem.