quinta-feira, 14 de maio de 2009

O ato de escrever como entrega

O que é então esse blog? O que é essa relação nossa? Procura? Entrega? Ou tudo-ao-mesmo-tempo-agora?

O ato de escrever é uma das entregas mais intensas, e há diga das mais insanas, quando a gente escreve se dá sem uma procura realmente estabelecida. Procurando sem saber muito bem o que, por instinto, por necessidade, por mania. As vezes, nós procuramos pessoas assim também, por necessidade, por mania, pois, já tem tanto tempo que isso acontece que não dá mais nem para lembrar porque e/ou como, começou a tal da necessidade do outro. Em alguns momentos não dá mesmo para entender o real sentido das atitudes, a gente vai acertando, errando, exagerando, mentindo, omitindo e fingindo que não há nada para se preocupar, é mais ou menos assim que as entregas dolorosas acontecem.

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." (Clarice Lispector)

A entrega da escrita pode ser insana, intensa, dolorida e ardida algumas vezes, já em outros momentos pode ser alegre, up, reveladora e poderosa, crucial em alguns momentos. Pode ser a maior entrega que faço na vida. Porém, só dá para saber se vai ser bom, fazendo, conhecendo como funciona a prática da coisa, vivendo o que se escreve, mais ou menos como nas relações que estabelecemos com as pessoas, que venha dor, o amor, o ódio, a agonia, a felicidade infinita e a desesperança. Que venham, porque eu preciso viver tudo para que não haja talvez, para que não seja necessário lamentar o que não foi, para que o desabrochar aconteça!

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