sábado, 30 de maio de 2009

Meu primeiro amor

Quando eu derrubava a régua da carteira, era para que você pegasse e eu sorrisse agradecida. E se eu te oferecia chocolate no recreio e você aceitava, eu me sentia a pessoa mais importante do mundo. Mas nada podia se comparar ao dia em que dançamos valsa na festinha de fim de ano, e meu coraçãozinho pululava de nervosismo doce, só porque você ia segurar a minha mão. Perguntei mil vezes à minha avó se eu estava bonita. E sei que você também me achou bonita. Enquanto girávamos pelo salão, eu olhava para todos e para você e de novo para todos, como a dizer: estão vendo como sou feliz? Depois da dança ainda brincamos enquanto nossos pais se preocupavam com os docinhos da festa. E na despedida, a alegria da promessa que nos encontraríamos depois das férias. E eu já planejava em minha mente as coisas legais que faria só para poder te contar, e ver a estupefação em seus olhos. Mas a festa de fim de ano acabou, e não voltei para a mesma escola.
Senti tanto a sua falta... Você era meu parceiro de inocência e desejo, que eu nem sabia na época que era desejo. Mas as ocupações e as novas amizades amorteceram o impacto. E fui te guardando cada vez mais no fundo do coração. Saiba que não te esqueci. Nunca esqueci. E assim crescemos, e seguimos a vida naturalmente. E depois de tanto tempo eu te vi na fila do supermercado, segurando uma moça pela cintura. Não demorei para te reconhecer, mas queria não ter reconhecido. Não foi ciúme o que eu senti. Apenas me imaginei no lugar daquela moça, e a sensação não foi boa. Eu só queria o meu menino, o meu comparsa de aventuras, o meu confidente. Eu só queria o meu acompanhante que me fez girar pelo salão, todo orgulhoso porque eu estava tão bonita.

Um comentário:

  1. ai! Doeu em mim só de imaginar a cintura e a menina nas mãos dele, aquela dor que mexe com tudo que tá dentro da barriga,aff!!!
    ótimo texto!

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