domingo, 31 de maio de 2009

Arcaju, 27 de junho de 2008

Essa è a segunda carta que te escrevo em uma semana. O fato é que estou lendo as correspondências da Clarice LIspector e me distraio. Me dá uma súbita vontade de escrever. COmo se fosse uma ânsia passageira, que há d epassar.
A minha vida anda um verdadeiro turbilhão, e não sei como explicar nada. O fato é que você está em meus pensamentos, e as vezes te adjetivo mais que o necessário.
Ontem, tive um dia de cão. me sinto bastante só e abandonado. Andei fazendo algumas burradas este ano e infelizmente não há amigos para me acolher como antigamente.
Ora, a coisa está clara, mas não pode ser explícita. Nesse sofrer, lembro muito da sua relação com o iluminado do vácuo - talvez seja o cabelo, talvez não - é uma dor verdadeira que me causa.
Há muita hipocrisia nesse mundo e nessas paredes que me cercam. È engraçado, todas as paredes são repletas de hipocrisia. Queria me livrar das paredes. Lembra-se da história dos azulejos? Aqui não tem azulejos! Na verdade aqui só tem interesses postos e repostos em roda. Preciso urgentemente que leia essa carta e não compreenda bulhufas.
Às vezes eu sinto que você está mais perto que o Deyvid, a Carla, a Mayara e o PK. Parece estranho e um tanto dramático, mas sei que via e mexe, entre uma fodida e outra, lembras desse amigo ingrato.
Numa carta que acabo de ler da Clarice, ela diz que não aguenta mais as pessoas, inclusice ela mesma. Acho que estou assim. Não suporto o teco-teco dos saltos scarpan, muito menos a fala rouca da prendada politicamente. Para ser sincero, outro dia me peguei sendo Carla. Se vocês soubessem o quanto me marcaram. às vezes aparecem chagas profundas.
Quero encher a sala de almofadas e passar a tarde contemplando a prateleira de livros,
Aqui existe um cachorro de lata, sabia? As pessoas são tão diferentes ao ponto de se parecerem. Acontece de um dia ou outro me pegar conversando com uma pessoa crente que é outra. Te juro que é uma confusão repugnante.
posso falar de mim?
Estou gostando de alguém que não merce ser gostada por ninguém. Alguém insensível a ponto de não se assumnir como tal. Esse alguém é tão diferente de mim, em cor, em tamanho e jeito, e ao mesmo temp é tão igual. A única coisa que ainda consigo arrancar-lhe é o despreso e palavras vis. Malditas palavras mortíferas. Ferem! Palavras ferem!Há um cheiro de tinta fresca e UJS nas paredes dessa casa, Aqui, tudo é bom e parece delírio. Amiga, tens razão "A Maravilha do mundo é o negro

p.s: Acaba de bater na porta uma mulher. Era uma senhora com as pernas cheias de varizes e implorou para fazer uma faxina por R$20,00 porque veio à Aracaju buscar os netos e precisava voltar para Alagoas. ELa chorou e estava desesperada. E o detalhe mais chocante: ela se parecia com minha avó.

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