quarta-feira, 27 de maio de 2009

à quem dividiu até agora os seus erros e vida comigo

Vivemos juntas a tanto tempo. Desde quando você me quis e ele disse não. Sempre foi um relação difícil, estranha e dolorida. Você errou, eu errei, cada uma com seus motivos para tal. Sim, desrespeitamos uma a outra diversas vezes, você mais que eu. De uns tempos pra cá, andei pensando sobre o nós, sobre essa obrigatoriedade do amar, do conviver, e optei por não mais me forçar a isso. Entende?! Era exigir muito de mim, muito mais do que foi exigido todo esse tempo. Não posso amar apenas por esse motivo.
Eu aprendi coisas com você, muitas coisas, boas e ruins. Aprendi de diferentes maneiras, no choque, no grito, no desespero, na urgência. Acho que muitas vezes eu sou fria e seca por sua causa, esforço-me muito para não ser quando percebo que esse é o posicionamento que você teria. É, aprendi muito com você, claro que também com todos os outros que me ajudaram quando pequena. Quantas babás eu tive mesmo?
Eu sei que não vale a pena jugar-te, sei bem que você fez o que pôde fazer dentro daquelas condições, esse não é o motivo da minha mágoa.
É quando penso em você e na nossa relação, vejo-me sozinha sentada no escuro acalentando uma criança grande, uma criança que quando desce do colo sai pra brincar com as pessoas erras, sai para fazer besteiras, sai para acabar com ela, acabar comigo, e ela não escuta quando eu grito, e ela grita quando tenta me dizer alguma coisa, e enquanto ela diz eu só entendo 'não me ouve eu não sei nem o que fazer comigo, vai segue sozinha do seu jeito'. Eu quero cuidar de você quero te mostrar o que aprendi tendo que tomar decisões sempre. Quero te mostrar que dá pra se divertir e tomar conta do resto das coisas, que dá pra não errar tanto, ou pelo menos, corrigir algumas coisas, mas você não ouve.
Ultimamente não nos falamos, estranho dizer-te isso, mas, como me faz bem. Sério. Consigo pensar melhor sem todas as minhas cobranças internas antigas, não te magoar, não te deixar de fora. Hoje as coisas estão acontecendo para nós duas de uma maneira tão natural, conquistamos coisas que nunca conquistariamos juntas em plena harmonia, por quê? Não sei. Só sei que essa distância nos deu abertura para que novos planos surgissem, para que fossem concretizados.
Alguns motivos bastante fortes me fazem não mais querer morar com você a algum tempo, e esse dia está próximo, dentro de semanas não mais dividiremos o mesmo teto, que você chama de lar com a sua família conto de fadas um tanto caótica, e isso tem me dado um puta medo. Não sei, acho que o que tu me causas, reflete na relação do que eu te causo, entende onde quero chegar? Eu te causo o mesmo, ou até doses bem maiores disso. Uns amigos dizem que é pr'eu me acalmar que é só medo de ir embora que vai ser melhor, eu concordo, não dá mais para viver com você como as coisas vão, mas é que eu tenho medo de viver comigo entende?! Tenho medo de viver sozinha comigo, e o que eu posso me causar.
Você que sobreviveu, me diz, como é que eu me protejo de mim?

Um comentário: