domingo, 28 de março de 2010

Me encontra

na rua e pergunta: quanto tempo faz que a gente não se vê? - não me pergunte isso, não me pergunte algo que você já sabe a resposta. Pois você sabe há quanto tempo a gente não se vê, a gente não se toca, a gente não se sabe. E não é pela distância, e não é porque eu tenho um namorado-que-morre-de-ciúme-de-você. É só pelo orgulho, pela alegria besta de não deixarmos um saber sobre a vida do outro, e eu, particularmente, desapareço pra você saber o quanto eu faço falta, o quanto eu sou insubstituível. Você tem suas cores novas, mas só eu tenho o tom de vermelho que você gosta. Na intensidade certa; e o meu azul não é tão aguado. Se falo com você na rua, é só porque tenho certeza de que nesse dia eu estou bonita, e assim me empenho para que cada sorriso meu seja para você um martelo de arrependimento. Um martelo que bata em sua cabeça e te faça rastejar intrinsecamente até a pergunta - esta sim - que eu quero que você faça: "Como eu a perdi?". Preciso de mim, ouviu? Quero ter vontade de ir tomar sorvete só por ir. Quero sentir uma nova dor pra ocupar o lugar desta. Quero me desencontrar até finalmente perder todos esses encontros que me fazem acordar de manhã e pensar: o que afinal eu fiz com meu dia anterior? Por favor, casualidade, seja minha amiga. Que não posso mais comigo mesma de tanta vontade de mandar o destino pro quinto dos infernos.

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