quarta-feira, 20 de maio de 2009

Entrega I arucorP

É difícil confessar a procura - seria o mesmo que dizer que nos falta algo. É simples defender a entrega - ninguém está realmente pronto a passar por este mundo sem ao menos tentar deixar algo muito importante de si. Mas escrever... Está na cara que quem escreve sente um vazio estranho, e precisa martelar as letras num papel para que se possa olhar para elas e elas, para nós. Escrever é uma entrega. De letras que denunciam nossa alma. É uma procura. De que um dia essas letras nos ensinem o caminho, e ensinem o caminho a outros. Como o veneno, que ao mesmo tempo que mata serve para curar, assim é escrever - onde morremos um pouco, porque dói. E nessa dor esperamos um alívio, que cure. E na escrita, nas amizades, nos abraços e beijos sentimos a dor de correr o risco, e nesse risco a espera, e nessa espera, a procura de um resultado feliz: de que tenha valido a pena tanta entrega, tanto veneno.

2 comentários:

  1. Anne Danielle,

    Obrigado por tua visita a um dos meus blogs. Parabéns pelo bom gosto quanto aos teus filmes e livros preferidos.

    Também gostei deste teu texto sobre a procura da outra metade da maçã e sobre a arte da escrita.

    Anne , em algumas biografias de escritores célebres, descobri que eles sentem que esse ofício de escritor é uma verdadeira prisão da qual dificilmente se libertarão. E não se cansam de fazer essa advertência aos jovens escritores (muitos são esses exemplos, tanto no Brasil como no exterior).

    Raduan Nassar, um dos mais importantes nomes da literatura brasileira, escreveu três obras da melhor qualidade, quais sejam: "Um Copo de Cólera" (novela), "Lavoura Arcaica" (novela) e "Menina a Caminho" (contos), e depois deixou de escrever definitivamente, retirando-se para sua fazenda no interior do Estado de São Paulo.

    Abraços.

    Pedro.

    ResponderExcluir
  2. :) Muito obrigada, Pedro!:) Prazer em conhecê-lo!!!!

    ResponderExcluir