sábado, 18 de julho de 2009

Aos meus amigo, grito: Independência


Eu tinha cinco amigos que valiam por trezentos. Cinco que substituíram todos os outros que eu necessitava a cada hora, a cada madrugada insone. Com os cinco, eu evitei colecionar novos amigos, e passei a classificar pessoas como se pudesse etiquetá-las. Não permiti que outros ocupassem o espaço que dedicava a estes. Não. Amigos para mim tinha que ser de verdade, tinha que ser por inteiro. Meus amigos eram cinco e eles me bastavam. Mas a eles eu dispensava muita atenção e muita carência. Necessitava que eles valessem por trezentos necessários a cada hora, a cada madrugada insone. Pobre ilusão! Demorei a perceber que amigos tem outros amigos. Que existe distância, falta de tempo, vida acadêmica, depressão. Eles se foram, ou permanecem na lembrança, não sei. O que sei é que só aparecem em data de aniversário com depoimentos virtuais inertes e insensíveis. Palavras que não me tateiam, que não mexem comigo como a voz da Renata Rosa que há meses não saí da minha cabeça. Eles sumiram, não sei se namoram, mas sumiram. Procuraram novos horizontes, outras paixões, distantes daquelas pequenas que nutríamos em conjunto. Passei a sonhar sozinho pelos seis, e minha mente se sobrecarregou de sonhos vazios. A gente nunca percebe que está sozinho. Os ditos solitários tem sempre alguém para dizer o quanto está só. Eu não percebia que eles não faziam mais parte da minha vida - porque minha vida tem lista de presença.Um desses amigos, não teve outros amigos, mas não era só. Não sei, mas ele tinha um MP3, alguns livros que folheava e um violão. Mas as pessoas em sua vida eram poucas e sem intensidade. Cheguei a perguntar "É feliz?" E ele com aquele nariz entupido, com o jeito confuso de falar me disse "As vezes sinto falta, mas só as vezes. agora sou mais independente". realmente a independência dele tinha refletido no visual, nos ombros, não mais curvados. Logo percebi o quão dependente deles eu era. Daí em diante, não me preocupei mais, parei de medir os graus de amizade, afinal de contas nunca fui bom em celsius nem Fahrenheit (não se escreve assim, eu sei). E há algum tempo me sinto sem peso. Nem solitário, mesmo sem amigos como aqueles. E essa sensação me dá uma liberdade que não me permite curvar os ombros

Um comentário:

  1. cada quem cava sua propria tumba.. ha quem prefira superficie - cava-se raso -, há quem enterre as magoas - e túmulo fundo esconde melhor. E covas Labirintos? para aqueles que precisam se isolar.

    pode crer, "os ditos solitários têm sempre alguem pra dizer o quanto estão só". É que, pra eles, não há do que se afastar, é cedo para correr de mágoas. A estes, solidão é mais um charme, mero pretexto para ditar-se 'Humano', sensivel, inpirado - ja que solidão é um 'BOOM!' de ideias (Não que eu creia nisso. Mesmo que seja verdade, nesse caso a dor não vale pelo beneficio que que traz. Inspirado é o termo que se dá a quem tem, guardado, algo muito importante a dizer).

    por fim vem momento em que se sente "falta, mas só as vezes". Falta: e faz-se uma lista grande, quem tem c@#* prenche a sua. Dentre os itens, tem lá suas unanimidades: Falta: de amigos.. ou não só deles, mas do que, com eles, fomos.

    o segredo é recriar.. Matar o "eu que sofre", assassinar-se friamente sem medo de profanar-se de excessos, almoçarmos as viceras, atirar os restos aos porcos. E não tendo corpo para enterrar, cravar a lapide: "aqui -eu- jazia, aqui não me encontro mais." Cavamos noutro lugar.

    Independencia ou morte: pra que escolher se tudo da no mesmo?

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